INTRODUÇÃO A PSICOTERAPIA PSICANALÍTICA

Origem da Psicoterapia Psicanalítica
Inicialmente, a psicoterapia era um termo genérico para designar qualquer tratamento realizado com método e propósitos psicológicos, sendo a psicanálise uma forma de psicoterapia. (ZIMERMAN,1999)
A história da psicoterapia remonta a Hipócrates (450-355 a.C.), que se preocupou com o tratamento dos distúrbios dos humores. Não havia um método específico, uma psicoterapia, mas uma terapia das doenças mentais.
Com Filon (30 a.C.), a psicoterapia adquiriu status de tratamento psicológico, com técnicas de meditação e jejum.
Outros pensadores buscaram tratar os problemas psíquicos como René Descartes (1596-1650) destacando a diferenciação entre corpo e alma. Anton Mesmer (1734-1815) – perspectiva de magnetismo, expressão do fluído vital descrito por Paracelso e Descartes. Com os estados de sonambulismo, contribuiu com os estudos sobre hipnose onde surgiu a técnica de sugestão direta. A hipnose influenciou Charcot, fundador da escola de hipnose Salpetrére, a qual serviria de base para que Freud e Breuer criassem a Psicanálise. (Nimata. 2001)
Ao ter contato com o método de Breuer para tratar jovens histéricas, Sigmund Freud começou a criar uma teoria e técnica psicológica baseado na observação clínica destas jovens.
Ele percebeu que os sintomas histéricos decorriam de experiências traumáticas ligadas à sexualidade infantil, embora estas não fossem lembradas por suas pacientes histéricas. Freud (Breuer e Freud, 1895), então, passou a pensar a existência de uma instância psíquica que não fosse consciente, onde estariam guardadas todas as experiências pelas quais o indivíduo passou; e é a partir de suas considerações sobre a histeria e o inconsciente que surge e se consolida a teoria psicanalítica e a técnica interpretativa das livres associações do paciente (Freud, 1925).
Freud não fazia distinção entre os termos “psicoterapia” e “psicanálise”; a necessidade mais premente parecia ser distingui-la da medicina. Ilustra esta indiferenciação a conferência proferida por Freud em 1904 no Colégio de Médicos de Viena, a qual abordou a especificidade da psicanálise frente a outros métodos de tratamento, que recebeu o título: ‘Sobre a Psicoterapia’. Em 1919, Freud sentiu a necessidade de diferenciar seu método das técnicas que empregavam a sugestão direta. Ele acreditava que a psicanálise era a forma ideal de tratamento psicológico, considerada por ele como “ouro puro”, em relação “ao cobre da sugestão direta” (1919, p. 168).
Seguindo o caminho das psicoterapias influenciadas pela psicanálise, a psicoterapia psicanalítica diria respeito à terapia sistemática, de fundamentação psicanalítica, voltada para o insight, ou seja, para a percepção dos próprios impulsos ou desejos e de sua origem (Engel, 2005). Ela também costuma aparecer na literatura sob os nomes psicoterapia expressiva, psicoterapia dinâmica, psicoterapia de orientação psicanalítica, dentre outros.
Segundo Wallerstein (2005), com a fuga de psicanalistas europeus refugiados do nazismo para a América, especialmente para os Estados Unidos, houve a aliança e o intercâmbio de saberes entre estes e os psiquiatras norte-americanos, e a psicanálise se tornou então a voz dominante dentro das faculdades de medicina, hospitais-escola e clínicas psiquiátricas do país. Nesses locais, havia pacientes gravemente doentes, que diferiam dos neuróticos dos centros psicanalíticos europeus, em torno dos quais os preceitos técnicos da psicanálise haviam sido criados. Foi principalmente por essa razão, de acordo com Wallerstein, que os psicanalistas precisaram desenvolver modificações nas intervenções psicanalíticas para que estas pudessem se adequar às exigências clínicas de uma ampla gama de pacientes. Esse procedimento foi o grande responsável pelo surgimento da psicoterapia psicanalítica, ou seja, pela introdução de mudanças na psicanálise clássica.
Psicoterapia Psicanalítica
Ocorreram mudanças na teoria e na técnica que vêm se estendendo até a atualidade, bem como mudanças no tipo de paciente que passou a buscar atendimento na clínica psicanalítica: patologias do espectro narcisista, borderlines ou casos-limites, clínica do vazio, novas subjetividades.
Psicoterapia de Orientação Psicanalítica
É um método de tratamento realizado por um profissional treinado, com o objetivo de reduzir ou remover um problema, queixa ou transtorno definido de um paciente que deliberadamente busca ajuda. (Cordioli, 2008)
Princípios técnicos básicos: setting, resistência, transferência e contratransferência, interpretação, sonhos, elaboração….
Postulados técnicos por Freud: regras da livre associação, neutralidade, abstinência, anonimato do analista, interpretação centrada na neurose de transferência.
Bion (1992) nomina de “condições necessárias mínimas” para o exercício da função do analista: atributos que possibilitam conter uma forte carga projetiva de angústias, assim como prover e preencher os “buracos negros” que compõe os vazios existenciais de determinados pacientes bastantes regressivos.
Fundamentos da técnica: Avaliação (motivo da busca de tratamento/ objetivos do paciente e terapeuta, conflito atual e grau de motivação, exame do estado mental, sintomas, mecanismos de defesa, comunicação, história, relações objetais e adaptação aliança terapêutica)
´Planejamento (foco e objetivos), contrato, setting, transferência, contratransferência, insight e elaboração, sonhos, resistências (atuações, impasses, reação terapêutica negativa), processo de mudança.